Suas emoções param de falar. Já não havia mais significado para ficar ali. Subiu na cadeira; agora é a hora de relaxar e partir. E com apenas um impulso ele o fez...
... Seus pés já não alcançam mais o chão.
Fim...
Por Sérgio...
Olhou uma vez, olhou duas e olhou mais algumas, com toda
atenção que lhe era possível naquele momento de choque.
Parecia não acreditar na cena que estava a contemplar e, no
fundo, nem sequer sabia do porquê de estar ali; apenas sabia
que estava, que contemplava.
A vida se esvaindo é algo tão impressionante, tão...
profundo!
Sem direito a últimas palavras, nem os conseguintes últimos
suspiros, nem nada... Apenas o silêncio, o silêncio e a
solidão, em seu dueto calado que, de denso, era quase
tangível... E perturbador, é claro.
Ali não havia nenhuma razão, não havia nenhuma liberdade.
Emoções assumiram o controle e, então, o que havia ali era
puramente ódio e claustrofobia asfixiante. Era como se as
chamas geladas de todos os infernos ascendessem na mente,
esbanjando sutilezas jamais vistas por aqueles olhos. Olhos
esbugalhados e fixados naquele ponto, onde o diabo fazia sua
festa, com toda a sua horda de demônios regentes de todos os
pecados. Era ao mesmo tempo, cruel, desumano e belo...
A vida se foi sem muita demora, assim restando somente a
carcaça fria, suja e pálida. Junta a mais sujeira; estirada
no chão que refletia o rosto daquele homem... Também pálido
e sujo, de pé, tremendo de desespero, que por sua vez, não
fez cerimônia. Num ato quase espontâneo deu conta de sujar
também a parede logo atrás...
Segundos depois, ali não existia mais vida, não existia mais
ódio, não existia mais desespero...
Ali restara somente o vazio.
Fim...
Por Sérgio.
Esforços... O que me diz dos esforços? Eles foram realmente úteis? Na realidade, vejo estes esforços como síndromes de penitência e vergonha que sinto sempre que perco controle. Sempre que algo contradiz a verdade dita.
Meu silêncio repercutiu no lugar enquanto eu captava cada passo seu. Uma criatura de tal magnitude entrou em minha realidade. Finalmente conseguimos nos juntar... Mas, eu começo a vegetar enquanto colho meus fragmentos; pedaços que os juízes me tiraram e lançaram sobre os sete cantos das dimensões terrestres. Eles ainda existem... Eles simplesmente querem viver!
Sinto-me agora como se tivéssemos transado a noite inteira. Ainda sinto suas mãos me pressionando enquanto destruo o muro que existia dentro de ti. Ah... Ainda sinto seu calor... Sinto seu ser perder a inocência enquanto diz em gemidos que me ama e pede de forma sutil que eu não vá embora.
Eles... Eles a levaram. Diga-me, eles a levaram? O fim dos tempos está chegando? O fim dos tempos chegou...? Onde...? Aonde meus esforços chegaram? Esforços... - acho que voltei a vegetar.
Oh Deus. Eu estou louco...? Acho que terei que me confessar. Eles ainda me seguem... Eles ainda a querem. E eu ainda penso sobre nossos mundos... Sobre nossas realidades. Tão distantes... Mas tão juntas que podemos até mesmo nos tocar.
Mas agora, você se foi. Eles realmente te levaram...? Será que eles lhe trarão de volta? – acho que estou vegetando de novo.
Fim.
Por Luis.
... Até que finalmente vem a luz; ofuscante. Libertando-me da teia e me mostrando a verdade. Brilhante... Segundos iluminados me mostram coisas alternativas. Outras galáxias... Outras dimensões. Mas isso não é suficiente. Não enquanto eu permanecer imóvel. Colhendo apenas restos de um longo e farto plantio.
E então vem o ódio; frio. E nele eu imagino coisas horríveis e, inevitavelmente, eu também faço algumas dessas coisas. E com toda essa frieza e crueldade em meu ser, eu ainda me sinto vazio... Incompleto. E nesse poço de ferrugem, eu fico imperceptível... Avançando por muitas luas sem partir, enquanto os outros se vão... Enquanto tudo e todos se apagam sem nem mostrarem sua luz... Sem nem se mostrarem.
E então vem a loucura; caótica e instável. E nela eu grito com a voz insana, espalhando, assim, um pouco da instabilidade que há em mim. E também infectar a ordem com o caos e destruir os comandos mundiais. Mas, mesmo com isso, eu continuo imperceptível... Continuo no vácuo da película.
E então vem a tristeza; cinzenta. E tudo para por um segundo, me fazendo ver de novo a verdade. E, com os olhos da insanidade, eu percebo a chave do Todo. E com esta chave eu destranco a caixa maldita e mergulho em seus segredos.
E então vem a utopia; hipnotizante. E nela eu percorro até os primórdios dos tempos, desde a criação até a destruição. Mas, mesmo em estado de transe, eu me confundo com tais revelações. E nesses vai e vem de pensamentos eu percebo o vazio... Um vazio que sempre tive.
E então, vem o paradoxo; multiforme. E nele tudo se contradiz e a verdade se confunde na teia. E em meio esse caos sentimental, o vazio me corrompe e a imperceptibilidade me destrói, me deixando assim... Inexistente e imaterial. Percorrendo no todo e coexistindo no nada...
... Até que finalmente vem a luz.
Fim.
Por Luis.